.

A maior força, é aquela que vem de você, que está presa à sua alma e mesmo essa força que me detém, não é o suficiente para ser incrível.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

[CONTO] - O Viajante e o Cogumelo


Senta, menina! Senta em meu colo e vem escutar minhas estórias, sempre tão idiotas, sempre tão interessantes.
 Senta, menina! Fica quieta num canto, se ajeite e se apronte, que logo eu começo.
 Depois de sentada, menina, fique confortável, pois já basta a vir doer as costas. E assim espere que logo vou sentar na cadeira de balanço para dizer bobagens.
 E na tarde que parecia infinita, a estória desenrolou-se. Deixe-me te ensinar sobre a vida, menina... A vida é um emaranhado de coisas... Tipo um novelo de linha, que se enrola e desenrola, que dá nós e a gente tem que cortar às vezes aquilo que não tem jeito.
 Deixe-me falar sobre corações, que esses, além de bombear sangue também servem para expressar sentimentos. Mas tenha calma, menina... Não expresse tudo de uma vez, tenha calma! Uma menina como você deveria estar aprendendo que agir como criança não é o melhor a se fazer, olhe bem ao seu redor, menina... Muitas coisas podem ser perdidas com esses atos.
 E por fim, menina, digo-lhes que a conversa mais inútil começou com um viajante e um cogumelo.

 O viajante estava faminto e viu na estraga um cogumelo muito bonito, colorido e cheios de graças. Resolveu aproximar-se e conversar com o fungo. Logo percebeu que ele tinha um poder tóxico enorme! Nenhum animal ao seu redor se aproximava, sequer as vespas. Desistiu e foi seguir seu caminho. Mais a frente encontrou um cogulo sem atração alguma, como qualquer outro, mas algo lhe chamou atenção... Tudo ao redor do cogumelo parecia ter vida, ele falava com precisão e cortesia. O viajante logo se abaixou e perguntou: - Por que não és belo e tens tantas qualidade? O cogumelo em silêncio ficou por uns instante e logo respondeu: - Se um cogumelo não serve para servir, qual a utilidade de sua existência? O viajante abocanhou o cogumelo e ali satisfez a sua fome, fome de vida, fome de caráter, fome de luz, cortesia.

 Portanto, menina, a estória mais indigna a ser contada foi esta. Mas com uma ressalva, tu sois bela como o cogumelo venenoso, mas tenhas contigo a cortesia, calma, caráter e, acima de tudo, erre e conserte seus erros. Afinal, se uma menina não serve para servir, para que serviria? As cortinas foram fechadas, a peça encerrada e o público feminino em êxtase com tamanha ousadia do artista.